
Eu estava cansada. Realmente exausta. Não queria saber de nada naquele dia, nada além do que considerava convencional. Foram 24 horas que poderiam nunca terem existido. Fiquei trancada no quarto, escrevendo algumas páginas em um diário cujas idéias são praticamente invisíveis. Tinha uma sensação que as coisas poderiam dar errado. Decidi ir até a casa da minha avó.
Caminhei e caminhei mais um pouco. Cheguei na terceira quadra, uma que tinha um orelhão e o vi. Senti que meus pés não pisavam mais no mundo, na terra firme. Ele usava uma camiseta branca - lembro que tinha um fone de ouvido estampado - era branca como sua bermuda que possuía alguns detalhes em preto.
Tão escuros quanto aqueles olhos castanhos.
Estava estremecida, como naqueles anos quando ele segurava minha mão e dizia o quanto me amava. Foi um impulso dos grandes que me fez falar 'oi' e ver aquele rosto me encarando, não com a mesma intensidade que eu o olhava, mas estava tudo bem. Por enquanto.
Agora, vos apresento ao pior momento: quando ele me abraçou. Acredito que é difícil passar por qualquer instante assim, ainda mais quando amamos tanto alguém como eu o amo. Um abraço, na minha humilde opinião, é pior que qualquer beijo de despedida, depende da importância que certa pessoa tem. E ele é tudo pra mim. Os ombros dele foram um refúgio para as minhas quase lágrimas que (quase) escorreram pelo meu rosto.
Esse moço, posso te dizer com muita dor no coração, que não consigo esquecer aqueles brilhantes olhos. Porém, naquele momento íntimo, nós não tínhamos assunto algum, mas eu não queria saber: tê-lo como em tempos passados me satisfazia de uma maneira indescritível.
Descobri naquele momento que ele realmente havia esquecido. Agora sim, tudo estava indo de mau a pior. Ele apareceu. Assim... do nada. Precisava de um cigarro. Não me entendia, mas acredito que sentia tanta fala dele que chegava a sobrar. Sei que ninguém queria dividir toda essa saudade acumulada dentro de mim. É uma pena você continuar me assombrando desse jeito.
As palavras, que não saíram da minha boca:
- Nunca quis te magoar.
Meu maior medo era que a resposta fosse:
- Mas você fez isso de qualquer jeito...
NOTA: 18:18 - alguém ainda sente uma tremenda saudade de você, moço dos olhos castanhos.
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