
Não tenho palavras pra descrever minha ressaca de hoje. Nem o cabelo penteei e muito menos da minha cama tive vontade de levantar. Senti um calafrio vindo de dentro pra fora, meu coração acelerando e minhas memórias com um pique maior do que eu poderia suportar.
Minha ressaca não se cura em um dia, muito menos com algum remédio que eferveceria no meu estômago; tenho uma dura ressaca nos meus relacionamentos passados, nas minhas amizades enterradas e nos meus sonhos mau explorados.
Acho que eu poderia fazer uma combinação bem louca dessas minhas saudades acumuladas e torná-las uma só: antipatia. Por mim, por vocês, por nós e pela nossa falta de conhecimento, falta de julgamento. Antipatizo com aqueles antigos poetas que juravam amor pelas suas amadas, pelo meu ver, um amor que nunca foi alcançado, nunca deveria, nem ao menos, ter sido jurado. Já fiz juras uma vez, hoje minhas lembranças são um coração partido e uma aliança amarelada devido ao tempo.
Antipatizo com o estereótipo de "melhores amigas", renego a luta daqueles que descrevem uma grande amizade. Na realidade, os invejo profundamente, porém, meu orgulho não permite que admita isso. Ninguém é o melhor pra ninguém, nós simplesmente escolhemos quem nos é mais conveniente. Na minha mera opinião, a conveniência nos torna cada vez piores. Vocês, caros leitores, são convenientes a mim neste momento. Explico: esse é o nosso momento íntimo, agora eu sou só sua e você é meu, mas só por conveniência.
Antipatizo com os sonhadores que imaginam demais, com suas ideias medíocres. Tenho náuseas. Estou com náuseas. Perdoem-me caso sonhos sejam seus maiores feitos, mas acredito que, como Clarice Lispector uma vez disse, ser feliz toma todo meu tempo.
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