ecstasiada

Tenho problemas de relacionamentos. Nunca tive plenamente certa dos planos que gostaria de ter com outra pessoa, até mesmo com a minha própria mãe. Um dia desses qualquer eu estava na fila do banco e uma mulher se aproximou de mim para perguntar sobre as horas, olhei para ela com certo rosto de desprezo e respondi:
- São 16:56.
Sem vontade alguma, sem animo algum. Creio que minhas ânsias tenham sido devoradas pelo bicho papão que vive dentro de mim. Desse jeito, o único jeito de achar uma saída, seria aprender a conviver, mas isso é uma das coisas que não foram feitas para a minha estreita concepção entender. O relacionamento sempre foi inútil. Sempre fui uma pessoa extremamente fechada, até que numa hora não aguentei mais, procurei em um psicanalísta ajuda, em outras palavras, remédios.
Contei para ele sobre os meus sonhos que haviam sido despedaçados, sobre as minhas esperanças que estavam fora do meu próprio alcance, sobre meus pensamentos, meus amores, meus desamores... ele não me entendia sufientemente para me dizer o que me disse: depressão. Acredito que eu não seja um caso tão perdido assim, sem ofender os portadores da doença do século, contudo na minha mente estava tudo bem. O médico ainda teve a coragem de me receitar lexapro, um antidepressivo. Depois dessa conversa, a mulher do banco pareceu-me tão amigável, meu ex-namorado não faz tanta falta no meu dia-a-dia.
Porém, nesse dado instante, tenho medo de me desfazer dessa droga diária. Acho que eu não aguentaria, quer dizer, tenho certeza disso. Desliguei meu MP4 que tocava aquelas mesmice, a TV que me enchia de programas desnecessários, o computador e comecei a realmente viver.
Por muito tempo senti falta de mim mesma, falta de quem eu fui pois pensava que nunca mais iria ser quem era, minha vida estava marcada em dores passadas e inconveniencias presentes. O remédio abriu meus olhos mas deixou-me sem visão alguma.
Mas como assim? Exato, mas como assim? Não sei, não entendo também. Tudo é azul bebê quando precisava ter aqueles tons escuros mesclados com a cor celeste do céu. Sem visão do que é certo errado, sem saber discernir meus próprios erros... tragédia. Gostaria de conseguir dizer isso para o doutor, mas não consigo. A única coisa que consegui dizer foi:
- Fazendo favor, aumente minha dose.

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