Estou procurando e tentando entender. Tentando explicar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi. Não sei o que fazer disso, tenho medo dessa desorganização profunda. Essa semana, aconteceu-me uma coisa e pelo simples fato de não querer viver, poderia ter vivido uma outra? A isso é o que eu chamo de desorganização, pois não quero confirmar o que vivi. Pois na confirmação perderia o mundo em que vivia e eu sei que não tenho capacidade para outro.
Perdi alguma coisa que considerava essencial, como se fosse aquele mero sexto sentido que nos ajuda nas horas de aperto. Esse sentido eu perdi. E voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Sei que são somente os cinco sentidos necessários, mas a ausência do sexto me fazia falta, era isso que fazia de mim algo encontrável por mim mesma e sem sequer precisar me procurar.
Ontem, no entanto, perdi por horas e horas a minha força de vontade que considerava humana. Se continuar assim, deixarei-me perdida. Tenho medo do novo e tenho medo do que não entendo. Talvez o que tenha acontecido seja apenas uma compreensão, e eu, para continuar a não estar na altura dela, tenho que continuar não entendendo. Até que em algum momento desisti, desisti de me encontrar. Estou tão assustada que só poderei aceitar que me perdi se imaginar alguém me dando a mão.
Talvez o ato de dar a mão seja o que fiquei a espera. Como se tivesse uma outra força a nos apoiar no momento da queda. Então enquanto escrevo e falo, imagino que aqui do meu lado existe alguém segurando ela. Porém, será que existe alguma forma de horror somente na palavra apoio? Ou como posso imaginar alguém se não sei de que expressão de rosto preciso? Entretanto, o horror - o horror sou eu diante das coisas.
Dizem que somos donos dos nossos próprios destinos, mas olhando bem, o mundo que é. Pois a verdade, apesar de necessária, não faz sentido. Aquilo que realmente pedimos e desejamos que faz. E é preciso coragem para me aventurar numa tentativa de concretização do que sinto.
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