A carta amassada

Uns dias atrás, decidi abrir uma caixinha roxa que havia escondido em baixo da cama com um breve pensamento que nunca mais a olharia. Estava errada porque na verdade, nem eu me entendo. Saudades de um passado recente me dominaram completamente, não soube o que fazer. Comecei a ler breves rascunhos escritos a certo tempo atrás.
Nessas três páginas, pedia perdão e, insolentemente, fazia de mim mesma uma realidade inventada, imaginando o que poderia ter sido caso eu houvesse feito tal coisa. Em um momento de aperto no coração, amassei a carta. Queria por fogo para acabar de vez com tudo o que ainda tinha guardado dentro do meu peito. Não adiantaria, amassei e deixei lá, atirada num canto, até que em um breve acesso de raiva da minha mãe, pegou aqueles papéis que eu havia atirado fora e gritou as palavras "guria, essas folhas são lixo?". Sem pensar respondi que sim e que ela também deveria jogar fora a caixinha roxa de perfumes que escondia. Negou-se, disse que era demais e que isso era minha responsabilidade.
Mas até ai tudo bem, foi ontem a noite na verdade que o arrependimento por coisas feitas tomou conta de mim, queria tanto reler as palavras expressas por mim que me senti uma eterna otária. Mas não só por isso, uma série de acontecimentos ocasionam ideias de repressão. Mas para que servem agora, o erro já está feito voltar no tempo não é uma alternativa. E com o passar dos anos, espero que eu pense seriamente antes de fazer qualquer coisa, antes de mudar alguma coisa.
Acredito do fundo do meu coração que as pessoas não mudam e só se adaptam as circunstâncias ao seu redor. Acho que era isso que estava na minha cabeça, a circunstância. De estar vivendo tempos melhores, acreditando em pessoas melhores e ouvindo gente mais experiente. Mas é agora que essa mesma palavrinha diz pra mim que o meu erro foi fatal me entregar dessa maneira. Entretanto agora é somente o tempo que irá me dizer se o que eu fiz foi o correto, porém eu veemente acredito que não.

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