(in)compreender

No meio de uma floresta, existia uma árvore gigantesca. Era linda de tão verde que suas folhas eram. E no final de seu tronco, uma família de ratos se acomodava. Lá moravam com todo o luxo que poderiam ter, todo o queijo que existia naquela região eram deles. E apesar de todas as brigas conjugais que o Sr. Rato e a Sra. Rato tinham, acabavam sempre juntos no final de toda aquela maluca história. Também porque tiveram um filho juntos e não iam abandoná-lo logo no momento que ele mais precisaria: a adolescencia.
Aquele momento que conheceria várias ratinhas na escola e alguma iria partir seu coração. Porque é praxe algum adolescente ter dores de um amor do passado para superar e acredito, que era essa a maior preocupação dos pais em relação àquela "criança" que tinham. Mas foi completamente o contrário, ele era tão insensível que até evitava ver qualquer moça nos locais que ia.
Até que, no último galho da árvore existia um ninho e lá habitava uma família de pássaros. Eram isolados, mas isso não significava que não gostassem de companhia. Significa que só não queriam uma no momento. Os dois adultos, possuiam uma "passarinha" para criar, não tão velha quanto o ratinho, tinha uma diferença de um ou mais anos. Ela sempre foi dependente, não sabia voar direito, não sabia abrir suas asas e entregar-se ao sonho de voar, até o dia que tentou. Ficou no ar por um bom tempo, até que caiu e ficou desmaiada.
Coincidentemente, caiu junto a porta da casa dos ratos. E quando acordou, viu o ratinho jogando água em suas penas e soprando ar em sua face, tentando com que, desesperadamente a passarinha acordasse e voltasse a bater suas asas e voasse em liberdade. Os dois fitaram o olhar por alguns minutos, naquele instante começou a pior intervenção que ela poderia sentir: os olhos brilhavam e a boca fazia sons sem nexo algum, como se fossem apenas ar saindo de sua boca. Sua respiração estava acelerada. Nunca havia sentido o que sentiu, mas preferiu ignorar pelo bem das duas espécies. Já imaginou um rato que voasse? Blé.
Mas o ratinho não, ele sentiu exatamente as mesmas coisas mas quis tentar mais, quis ir além. Acredito que nesse momento em diante ele conheceu o que realmente era o amor e insistiu nele. Foi ensinado a nunca desistir e nunca fechar a porta quando o amor batesse com suas suaves mãos. Já a passarinha foi familiarizada com a liberdade, com o conhecimento. E sempre diziam que não há nada mais valioso que os estudos. Particularmente, não conheço nada mais especial mesmo, só uma coisinha que vocês vão ver no final porquê.
Após aquela queda, os dois viraram bons amigos, mesmo que ela só pudesse aparecer periodicamente, já que ainda não tinha aprendido a voar. Cada visita era sagrada, os dois poderiam estar extremamente cansados ou ocupados, mas parariam tudo só pra passarem alguns instantes juntos. Ela tentaria voar com ele nas suas costas, mesmo que soubesse que resultaria num grande machucado. E foi nessas visitas que o ratinho percebeu que estava cegamente apaixonado por um ser estranho com asas. E nessas visitas ela percebeu que tinha conhecido seu melhor amigo.
Os anos se passaram, ela fez ele sofrer muito com alguns desabafos e algumas dores que o fez sentir. E o amor que ele sentia foi se esvaecendo, indo embora, como se nunca tivesse existido. E foi no meio dessas conversas e visitas que ela descobriu que havia aprendido a sonhar, tinha aprendido a voar e a ver o mundo sob uma nova perspectiva, sob outro ângulo. Ele estava no outro ângulo.
Todas aquelas histórias que ouvia em casa sobre ser livre e sobre aprender a cuidar de si mesma já não faziam tanto sentido assim. Elas viraram somente contos para dormir. E ela percebeu que um rato e um pássaro não eram tão diferentes assim. Obviamente que teriam que passar alguns obstáculos, mas grande coisa! Ela queria ele, ele queria ela. O que tinha de errado?
O errado é que ela havia esperado demais, e ele estava cansado de tentar fazer ela entender que o amor não dura pra sempre, que nada é eterno e que ele já sofreu demais pelas imposições loucas que ela tinha. Ele não queria mais, e o que poderia ser feito a respeito? Absolutamente nada. Nada. É assim que a jovem passarinha está se sentindo agora. Vazia e incompleta.
Pelo menos aprendeu que nunca se deve desperdiçar uma chance por pensar no que os outros acham.
Moral: Se alguém te der motivos para não fazer alguma coisa, faça. E prove que você tinha mais de mil para fazer a mesma.

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