reações por algumas músicas tristes

Tenho prévias lembranças do meu passado, ou, ao menos, tento encobrir tudo aquilo que não satisfaz mais a minha memória. Queria ter uma certeza absoluta de quem eu realmente sou até agora, mas nisso tenho consciência que fracassei e continuo caindo. Fui julgada e, por muitas vezes, ninguém tentava entender esse meu jeito esquisito de ser. Eu tentei entrar nos estereótipos, juro que tentei. Acredito que meu maior fracasso tenha se resumido em tentar me enquadrar em cada lugar que frequentava, eu não sou assim. Perdoem-me os simpáticos, mas meu "Q" anti-social sempre falou mais alto. Sou uma eterna amante da solidão, apesar de que, tem dias que até ela me irrita. Admito que esse meu jeito me levou a uma depressão, daquelas bem fortes mesmo, do tipo de ouvir as músicas melodicas no fundo de um comercial de "brothers and sisters" me faziam chorar. Pode ser frescura, mas a carne era fraca, ainda é. Quando contei isso para o meu psiquiatra não recebi nada além de risadas, minto pra vocês, foram gargalhadas, daquele tipo que a gente dá com os nossos amigos quando alguém cai tentando dar um chute no outro. Teve um dia que cheguei a fazer uma lista de todas as coisas que me deixaram naquele estado, incluindo notas baixas, dores de cotovelo, a formiga que eu tinha pisado encima sem querer. Ops, acho que foi ai que comecei a ultrapassar a linha da normalidade. Descobri isso, tirando o dia que chorei com a música do comercial, quando a minha mãe colocava o uniforme em mim e me obrigava a levantar da cama e aguentar mais um dia naquela tortura que chamavam de terceiro ano. Ok, admito que gostava de alguns, mas a maioria nunca vai passar a linha do coleguismo. E eu estava cansada daqueles diálogos infalíveis para puxar assunto com quem nunca tinha nem, ao menos, me dado um mísero oi.
- Esqueci o lápis em casa, me empresta um?
- Ah, eu não tenho...
E logo depois puxava um do estojo e emprestava pra outro imprestável como eu, que nem material escolar tinha. As pessoas tinham nojo de mim, acredito que ainda tenham. Sim, esse foi um dos motivos que me levou a chorar no comercial do Universal Channel. Patético, porém verdade. Lembro dos dias que voltava pra casa e meu pai, de uma forma bizarra, tentava me animar. Teve um dia que ele chegou a dar comida na minha boca - que pela anorexia nervosa, vomitei toda ela - admiro ele por me amar tanto assim e eu, nem ao menos, perceber.
Agora, estou em tratamento. Já devia estar melhor, mas às vezes a angustia bate na porta e pede por favor pra entrar. Tem dias que é mais fácil abrir caminho pra ela e ficar deitada o dia todo na cama me lamentando daquilo que deixei de fazer num passado recente.
Tive muitos relacionamentos frustrados também nesse meio tempo, tenho um namorado agora. Eu amo ele. Realmente amo. O meu problema está em demonstrar. Não sei admitir o quão grande é, acho que nem ele entenderia. Aqui eu te peço perdão por às vezes querer demais, te amar demais e precisar demais. Eu te amo, talvez não do jeito que você quisesse, me desculpe por isso. Mas, ele saiu hoje da internet sem me dar tchau. Me deprimi por isso, eu acho.
Admito, também, que estou aqui escrevendo todas essas - todo perdão da palavra - besteiras porque meu antidepressivo terminou. Lexapro, 10 mg por dia. Juntamente com o resto das facadas de medicamentos que eu tomo diariamente. Sinto falta do meu antigo eu, quando ainda tinha um ego pra falar. Queria ter minhas amigas de volta, não as que só me emprestavam um lápis pelo simples fato disso ser convencional, mas que me dariam um porque sabem que eu sou muito mão-de-vaca pra comprar um novo. Queria que meu namorado entendesse a imensidão dos meus sentimentos. Queria que meu pai fosse animado só pelo simples fato de me amar. Eu queria, eu desejo tanto.
Mas desejos não são verdadeiros, querer ainda não me traz o que eu preciso e amar machuca. Acredito que é mais simples simplesmente fingir que isso não existe, mas não consigo. Só espero, nesse momento, não me lamentar com nenhuma música triste no fundo de um comercial de drama falando que é impossível viver sem ele. Eu já sei disso e não tenho mais dúvidas.

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